Ana Frango Elétrico é uma artista singular na cena musical brasileira, reconhecida por sua mistura única de indie rock, MPB e jazz. Com um estilo que transita entre a poética e a experimentação, Ana destaca-se por sua liberdade criativa e pela originalidade em suas composições e produções. Recentemente, ela compartilhou insights sobre suas inspirações, processos criativos e a relação com sua identidade artística em uma conversa exclusiva para a Casa Natura Musical.
Ana Frango Elétrico, cujo nome verdadeiro é Ana Fainguelernt, ganhou projeção nacional na cena musical independente em 2018, aos 20 anos, com o disco independente Mormaço Queima. Em 2019, ela lançou seu segundo álbum de estúdio, Little Electric Chicken Heart (Selo RISCO), que lhe rendeu o prêmio APCA 2019 como “Revelação Musical” e indicações ao Grammy Latino, Prêmio Multishow da Música Brasileira e Woman Music Event Awards. Este álbum alcançou projeção internacional, sendo resenhado em diversas línguas pela imprensa e crítica especializada, e prensado em vinil no Brasil e no Japão.
Em 2022, Ana venceu o Latin Grammy como co-produtora musical do álbum Sim Sim Sim, de Bala Desejo, e participou de alguns dos principais festivais do país, como Lollapalooza, Primavera Sounds e Coala Festival. Este ano, além de lançar seu terceiro álbum de estúdio Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua pelo selo britânico Mr. Bongo, Ana se prepara para sua primeira turnê europeia.
Ana Frango Elétrico se descreve como um “pássaro, raio e trovão”, três palavras que encapsulam sua essência artística. Ela acredita que consegue transmitir a liberdade de ser quem é através da autonomia e da composição. Ao ser autora do que diz e da sua estética, Ana sente que transmite sua identidade com liberdade. Suas inspirações artísticas são vastas e variadas, refletindo uma ampla gama de influências que vão de Marina Lima, Madonna, Kendrick Lamar e Tyler the Creator a Nora Ney. “Acho que eu sou uma pessoa de uma geração que consome música de muitas décadas e acho que essas décadas vão entrando no meu coração e impactando a minha composição e o meu trabalho.” diz Ana.
O nome de seu último álbum, “Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua”, surgiu de uma cantada e se transformou em um projeto musical completo. Este álbum foi lançado em outubro de 2023, em parceria com os selos RISCO (Brasil), Mr Bongo (Inglaterra) e Think Records (Japão), e apresenta uma versão mais madura e despojada da artista, consagrada pelas baladas azedas, lirismo noir e refrões cativantes. Ana também aborda frequentemente referências de animais em seu trabalho. Embora não tenha certeza do motivo específico para isso, ela associa seu fascínio por animais à diversidade na natureza e à arte pop, com as referências de barulhos, cores e figuras, ela traz os animais em um lugar sinestésico para a sua arte.
Participar de todo o processo de produção, direção e composição, e cantar em seu último álbum foi um trabalho árduo e recompensador. Ana se dedicou ao álbum durante dois anos e meio, e sente que o resultado final reflete exatamente o que ela queria. “É recompensador no sentido de sentir que ficou como eu queria, ficou a minha cara, senti essa energia que eu coloquei ouvindo o álbum” diz Ana. Para ela, o processo foi recompensador, tanto em termos de dedicação quanto na recepção do público e na evolução de sua pesquisa artística. Ela assina sozinha a produção musical do álbum, mas contou com a colaboração do groove suingado do baixo de Alberto Continentino, das baquetas nervosas de Sérgio Machado, da guitarra elegante de Guilherme Lirio, e das batidas precisas da percussão de Pablo Carvalho.
Ana sente uma facilidade especial na produção musical, onde consegue dar o tom de direcionamento e definir a estética geral do trabalho. Ela compara esse processo à direção de teatro ou filme, apreciando essa visão ampla e externa, mesmo que seja sobre seu próprio trabalho. No entanto, a parte mais desafiadora para ela é cantar, “não me sinto e nunca fui uma cantora e nem musicista excepcional, então eu sinto que é sempre um estudo e ir tentando melhorar”.
Por fim, Ana acredita que a música impacta e influencia profundamente a luta e a identidade LGBTQIAPN+. Para ela, a música traz liberdade, visões e utopias, moldando e inspirando pessoas queer. “Eu acho que a música faz muito parte de toda pessoa queer e com certeza molda e inspira essas pessoas. Na minha vida foi assim e é assim, e eu sinto que é esse lugar da utopia, passando pra realidade e liberdade.” conclui Ana.
Texto por Renata Rosas para a Casa Natura Musical