Melly é uma artista baiana que iniciou sua jornada musical aos seis anos de idade, e ao longo do tempo, desenvolveu uma identidade musical única, combinando influências do gênero norte-americano R&B com autenticidade afro-baiana. Essa fusão de estilos a posiciona como uma promessa promissora no cenário musical brasileiro.
Melly já lançou diversos singles e em 2021 lançou seu primeiro EP “Azul”, que conta com participações de Chibatinha (ÀTTOXXÁ) e Sullivan (Afrocidade). Além disso, também já fez parcerias com nomes de peso como Zudizilla, Giovani Cidreira, Saulo, Russo Passapusso e muitos outros.
Em agosto deste ano, Melly subiu ao palco da Casa Natura Musical com sua banda, e o evento foi inesquecível, com a casa lotada, demonstrando seu talento e propósito artístico. Nós, que amamos o trabalho de Melly, fizemos questão de visitar seu camarim para conhecer mais sobre suas influências musicais, histórias por trás de suas canções e seus futuros planos para um próximo álbum.
CNM: Qual artista ou disco serviu de grande inspiração para que você encontrasse a sua identidade na música?
Melly: Eu acho que “Frank” de Amy Winehouse. Eu cresci com a minha família toda em uma casa e trocava diariamente com todo mundo, todos eram muito envolvidos com música, meu pai era músico, então eu ficava sempre no estúdio. Mas minha tia que não tem nada a ver com música, me apresentou o disco de Amy quando eu tinha uns 8 ou 10 anos e me mostrou a gravação do show e aí foi a primeira vez que eu vi uma performance de música mesmo.Fiquei derretida por isso, me encantei por Amy, me encantei pelo inglês também e aí acabei aprendendo inglês com Amy e com os Beatles.
CNM: Vimos que você chama a sua música de R&Bahia e gostaríamos de saber como foi esse processo de trazer o R&B para uma linguagem mais brasileira.
Melly: O R&B sempre foi a minha paixão, quando eu descobri Amy foi o que eu consegui absorver e descobri que gostava muito desse tipo de sonoridade. O que eu compunha já era nesse tipo de sonoridade também, que eu acabei percebendo só depois, foi um processo muito natural. Sabendo já o que eu gostava, eu tentei descobrir como que isso conversava comigo de alguma forma e transpor minha verdade para isso, e aí eu adaptei para o meu tipo de pop, pro meu tipo de Brasil, pro meu tipo de música, pro meu tipo de composição, sobre a minha forma de pensar sobre tudo que é sentimental e sobre tudo que eu vejo ao meu redor e aí virou esse R&Bahia.
CNM: A sua lírica é muito pautada nas suas vivências e experiências pessoais ou você busca outras fontes também?
Melly: Depende, as vezes eu leio um livre e eu tenho uma sensação e componho, as vezes eu escuto uma música na rádio… “Luv” eu escutei “Sweet Love” de Anita Baker na rádio e acabei compondo. Mas é sempre muito pessoal, é sempre muito a minha interpretação de qualquer coisa que seja.
CNM: Falando um pouquinho do seu próximo trabalho, o que podemos esperar desse novo álbum?
Melly: Eu acho que uma eu mais madura, com “Azul” eu vim muito nova, com uns 18 anos. Agora eu não estou tão mais velha assim mas eu acho que consegui adquirir um pouquinho mais de experiência, consegui aprender um pouco mais com a música, porque a música é indomável, a gente só faz pegar uma parte dela e tentar transformar no nosso e eu tenho tentado fazer isso, e eu acho que estou conseguindo um pouquinho. Esse disco vai ser muito sobre o meu amadurecimento como artista.
CNM: Quais serão as referências sonoras desse álbum?
Melly: Eu queria muito transpor tudo que é afro baiano para a música brasileira, sempre o meu escopo é enaltecer quem eu sou, onde eu cresci, de onde eu vim, o que eu escuto, o que eu sempre fiz, enfim, tudo que eu amo. E eu tenho tentado trazer um pouquinho dessa história, desse repertório que a música baiana tem e integrar no meu tipo de pop e aí tá acontecendo de virar afrobeat mas não é exatamente afrobeat. Mas na minha sonoridade eu tenho buscado a Bahia.
CNM: A lírica desse novo álbum também vai ser pautada em afetos, como foi nos seus últimos trabalhos?
Melly: Eu geralmente falo muito de amor, mas acho que nesse novo álbum eu vou falar de coisas mais desconfortáveis.
CNM: Vai ter algum feat?
Melly: Vai ter, mas ainda não posso revelar. Mas é um artista que eu estou sempre com ele, fica aí a dica.
CNM: Vimos que você já fez show com o Lazzo Matumbi, e abriu o show da Mariene de Castro, Luedji Luna. Qual outro artista que você tem o sonho de fazer uma parceria?
Melly: Eu tenho realizado muitos sonhos, já toquei com Luedji, Zudizilla, Xênia, já cantei com as minhas maiores referências atuais. Das minhas referências de vida, eu acho que Gil ou Djavan seria muito legal.
CNM: Você participa também da parte visual dos seus clipes?
Melly: Não, o meu negócio é sonoro mesmo. Eu participo dando a minha opinião, transmitindo o meu sentimento em cada música para atingirem o objetivo e a gente vai construindo essa história.
CNM: Qual artista nacional da nova geração que todo mundo deveria conhecer?
Melly: Sued, YOÙN, JOCA, Hodari, Jota.pê, se deixar eu vou até amanhã de manhã falando (risos).
Texto por Renata Rosas para a Casa Natura Musical