Na 15ª edição da nossa newsletter, a gente fez um faixa-a-faixa de Respiro, novo disco da Scalene. Ousando na sonoridade, o disco reúne um pouco de MPB, música eletrônica, R&B, entre outras influências, mas sob uma perspectiva que condiz com o caminho traçado pela banda brasiliense, que começou a trajetória no stoner rock.
Leia o faixa-a-faixa abaixo:
1. Vai Ver part. Hamilton de Hollanda
“A gente escolheu essa música para abrir o disco por ela começar de um jeito mais calmo, com uma letra mais abrangente e humanista. Cumpre uma função massa de mostrar várias facetas novas que o disco tem em relação aos nossos trabalhos anteriores, como beats eletrônicos em cima de instrumentos acústicos e da participação do Hamilton no bandolim. Ela começou como um sambinha no violão e o beat entrou para deixá-la mais com a nossa cara.”
“A letra é uma utopia existencial. É um pouco uma reflexão sobre encarar um sistema de realidade, ilusões que criamos para nos ajudar a lidar com a vida real”.
2. Tabuleiro
“Foi bem inspirada no momento que a gente vive. Tem um viés otimista, de encarar o mal escancarado e perceber o que ele está te ensinando. Essa música traz uma urgência, mas também uma calma, pois não adianta se desesperar. Ela quebra a noção do herói perfeito”.
3. Casa Aberta
“A música é sobre olhar para as coisas simples, belas e singelas, para que não nos perdemos no caos que às vezes é a vida. É uma música bem adornada, com flauta, violinos, violão, synths, guitarra, mas é calminha.”
4. Esse Berro part. Ney Matogrosso
“Fizemos essa música numa sentada. A letra é sobre depressão, tentar se pensar sobre isso. A participação do Ney Matogrosso foi o encaixe perfeito, com a sua voz hiper-grave. Ney nos deu uma aula de interpretação no estúdio.”
5. Percevejo
“Começou a ser feita em Toronto, num violão velho, dos anos 1980. É o momento denso do disco, que tem muitas harmonias que a gente gosta muito, mais pesadas, mais darks, o que reitera nossa identidade. A letra é uma viagem. Uma narrativa sobre um autoconhecimento através de elementos fantásticos.”
6. Ciclo Senil
“Essa música deu trabalho. É a música que tem a bateria mais forte, diferente do restante do disco. A letra é uma crítica à hipocrisia internalizada em todos nós. Você pede mudança, mas não quer mudar também. Não é direcionado a nenhuma visão de mundo especificamente. Cada um vai enxergar a crítica que quer enxergar.”
7. Sabe O Que Foi?
“Faixa mais R&B do disco. É uma letra sincera que fala pra pessoa [com quem você tá se relacionando] que você não está pronto para ser mais uma noite. É aquela coisa num relacionamento que às vezes o egoísmo é altruísmo. E isso se confunde e se mistura. É sobre ser sincero com a pessoa com quem você está, mas ser sincero com você mesmo, ao mesmo tempo.
8. Furta-Cor part. Xênia França
“A gente acha que pode ser o nosso novo hit. Meio numa vibe R&B. O disco tem vários pontos de encontro entre o R&B e a música brasileira, intersecção que é feita pela bossa, pelo jazz. É uma faixa bem sexy. Rola um groovezinho. É uma música muito simples.
9. Ilha no Céu part. Beto Mejía
“É um sambinha. A gente usa uma tigela tibetana. Várias pessoas que ouviram falaram que é a letra mais forte do disco e fala sobre transgeracionalidade, sobre ciclos, mudanças. Também fala de uma perspectiva masculina de rever a masculinidade tóxica em vários aspectos — de relacionamentos a guerras.”
10. Assombra
“Exploramos bastante várias texturas nessa música. A letra é sobre como a verdade dói mas liberta.”
11. III e O que É Será
É uma música é um desabafo geral sobre os tempos que estamos vivendo. Várias verdades, vários instituições hoje estão caindo, estão deixando de ter a mesma relevância que tinham alguns anos atrás. Ela tem uma conotação apocalíptica, niilista e fatalista, mas também fala em manter a calma, em ser realista. Sonoramente, é uma música nostálgica.
Trechos extraídos do canal oficial da banda no YouTube. Veja os vídeos completos aqui:
Texto publicado originalmente na newsletter número #15 da Casa Natura Musical, disparada no dia 31/10/2019.